segunda-feira, 27 de junho de 2011

20 de Abril

    



    20 de Abril, uma data simbólica. Data de nascimento de Adolf Hitler. Vespera da data onde se homenageia, aqui no Brasil, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, herói da Inconfidência Mineira(vespera de feriado, oh yeah, é importante tambem!).E para este que se pronuncia agora, um terceiro significado é atribuido à essa data: o dia em que Florianópolis "parou". O dia no qual a bela capital catarinense viu os bárbaros trazerem toda sua fúria e sua jovialidade pós-50 anos para a casa de shows Floripa Music Hall.E os bárbaros fizeram a cidade tremer. A banda Motörhead esteve realmente aqui.
    Sim, Lemmy Kilmister existe. O mito é real, não é apenas uma utopia de mentes embriagadas pelo Rock´n Roll e por Jack Daniels. O cara é de carne, osso, Rock e muita vontade e, junto com sua trupe formada pelo legendário baterista Mikkey Dee e pelo guitarrista virtuoso Phil Cambell, marcou a história da cidade. O cara que talvez seja o mais cool do Rock pesado, quiçá de toda a música. O homem que foi roadie de Jimi Hendrix, que credita seu amor ao Rock aos Beatles, que tocou em pencas de bandas durante décadas de vida, bem, esse cara é mais do que real. Ele faz o chão tremer, e se ele não fosse real, ele moldaria à realidade sob a força de sua vontade, fazendo com que tudo se tornasse plausivel. Ele é simplesmente Lemmy Kilmister.
    Precedendo o espetáculo principal, os motores foram aquecidos pelo vigoroso show da banda paulista Baranga, no melhor estilo Motörhead de fazer Rock´n Roll: sujo, rápido, "feio". Uma rápida pancada para botar nos eixos e preparar as mentes e os ouvidos de todos os presentes para o que viria a seguir, um verdadeiro massacre de hora e meia do melhor Rock´n Roll do mundo, ainda em atividade após mais de três décadas de existência, mais de 20 albuns, um longo chão percorrido e muita história pra contar. Foi um show direto, mostrou exata e claramente a que veio, botar pilha de forma certa para todos estarem preparados para Lemmy e cia.
    Então, após o breve interlúdio, com os ouvidos já devidamente afinados, eis que alguns minutos antes da hora marcada adentram o palco os três caras que foram tão esperados durante a noite toda, trazendo a esperança de um verdadeiro espancamento sonoro regado à monstruosa força e tecnica de Mikkey na bateria, à precisão e energia de Phil na guitarra e à presença de palco quase sobrenatural de Lemmy, aliada à sua tão tarimbada voz rouca e retumbamte. Estava formado o crime.
    Sem delongas, frescuras pirotécnicas ou grandes firulas desnecessárias para o momento, Lemmy deu a partida na máquina, em meio a urros e à vibração dos ouvintes, com sua célebre frase, a que se tornou o gatilho da arma durante a existência da banda: "We are Motörhead, and we play Rock´n Roll". E estava iniciado o show. Com a velocidade e precisão da dobradinha de clássicos "Iron Fist" e "Stay Clean", Motörhead abriu verdadeiramente a noite e espantou qualquer marasmo que, milagrosamente, ainda pudesse existir ali. Riffs cortantes, pegadas velozes de bateria, tudo estava ali para fazes jus ao melhor do Rock´n Roll. Na sequência, uma música do novo album "The World Is Yours" seguiu o curso pré-determinado com uma energia enervante e um solo muito bem feito la pela metade da música. Na sequência, sem maior necessidade de explicaçãoes, apresentaram-se "Metropolis", "Over the Top" e "One Night Stand", verdadeiros primores do Rock pesado. "Rock Out", do album "Motorizer", que tem sido uma presença marcante em quase todos os shows da banda, incendiou de vez a casa em pouco menos de 3 minutos, com sua pegada Punk Rock visceral, rápida. Sensacional.
    Sucedendo "Rock Out", um belo solo de Phil Cambell foi executado com emoção e técnica, quase que hipnotizando os que o ouviam para, em seguida, fazer explodir as vozes de todos após seu término. Mais uma música do penúltimo album da banda tomou seu lugar, "The Thousand Names Of God", seguida da simples e direta "I Got Mine". Sucedendo mais essa dobradinha, outra musica do novo album, "I Know How To Die", novamente fez com que a multidão urrasse em côro para prestigiar uma música do novo e ótimo album da banda, mostrando que mesmo após décadas, o Motörhead consegue soar tão, ou talvez ainda mais,  Rock pesado do que há 30 anos. A destruição seguiu com "The Chase Is Better Than The Catch", e teve seu verdadeiro ápice com a música "In The Name Of Tragedy", que foi um dos maiores destaques da noite com um solo simplesmente arrebatador e monstruoso de Mikkey na batera incluso ao longo da música. Cerca de 4 minutos de pura violência, velocidade e sentimento transpostos para os pratos e bumbos. 
    Quse anunciando o final do show e antecipada por um breve "elogio" de Lemmy aos politicos e poderosos que destroem a vida das pessoas, "Just Cos You Got The Power"(particularmente uma de minhas favoritas, e de longe a melhor letra da banda) leva a uma reflexão sobre o que é feito das pessoas pelas mãos dos poderosos e dos ricos, no melhor estilo de Lemmy na composição. Para dar prosseguimento, uma quadra de clássicos da banda, músicas emblemáticas e adoradas, irrompeu como o fogo do Inferno: "Going to Brazil", demonstrando o carinho da banda pelo nosso país; "Killed By Death"(outra de minhas favoritas), o mais do que simbólico e indispensável petardo "Ace Of Spades", uma verdadeira marca da banda; e o encore "Overkill", com seu bumbo duplo frenético terminando de agitar os espiritos e os ouvidos de quem ainda estava vivo até então. Noite perfeita, um setlist quase perfeito(no qual eu apenas teria incluido Born To Raise Hell, Whorehouse Blues e a nova Born to Lose) e uma apresentação memorável.
    No fim das contas, o que fica para sempre é algo que o barbaro-mór Lemmy diz logo no inicio de toda essa desgraceira sonora, e é uma verdade absoluta suprema: "WE ARE MOTÖRHEAD, AND WE PLAY ROCK`N ROLL". Eu digo mais, Motorhead É o Rock´n Roll.



   


sexta-feira, 24 de junho de 2011

"A BALADA DO ANJO CAIDO"

Deixe-me lhe dizer que existe um lugar bom longe daqui. Lá,sua alma jamais pesará mais do que seu corpo. E seu corpo pesará não mais do que como uma pluma. Nós não precisamos sangrar para saber que estamos vivos. A água corre de um lado a outro de tudo que você possa ver, e ela não queima você por dentro e nem se mistura com o sangue que cobre o nosso mundo, essa realidade tão obscura e diferente desse lugar ideal. Ao norte de lugar algum, entre os campos e as planícies, eu lhe digo, filho, essa terra existe. A colheita é farta. Os homens são irmãos, não guerreiam uns com os outros. Os pais não batizam seus filhos com sangue e fogo, os batizam com amor e zelo. Homens e mulheres se amam em igual medida. Estive lá durante muito tempo, sentado debaixo de um imenso cipreste, dedilhando minha guitarra e fazendo minhas palavras ecoarem para longe, para muito longe, tentando fazer com que o povo de fora soubesse que existe um lugar bom longe daqui. Como um bardo. Como um menestrel. Trovando. Mas não houve êxito. Já não sei quanto tempo faz que eu saí do meu refúgio. Semanas, meses, talvez até anos, filho, eu realmente não sei. Estive vagando durante muito tempo, estive procurando, procurando por algo que nunca soube bem o que era, mas sempre segui por algum lugar em busca de algo, pois inconscientemente eu sabia que era isso que eu precisava fazer. Caminhar. E para bem longe. O violão que decidi carregar em minha viagem pesava suavemente em minhas costas, era um alento para minha jornada sem identidade. Toquei gaita por todo o caminho, o sonoro chiado me levava a pensar no lugar que abandonei, em toda a perfeição de uma realidade sem dor, morte ou guerra. O som da gaita era meu unico companheiro em um jornada infindável, atravessando um caminho que parecia não ter mais fim. E não era dos podres da humanidade que eu fugia, mas sim de um lugar pleno de virtudes. E tudo que fiz, fiz por instinto, nada mais. Depois de muito andar, cerca de quatro ou cinco dias de viagem através de mata cerrada e solo irregular, cansaço, fome e sede me engoliram como um buraco engole um viajante incauto. Eu estava perdido, não sabia para onde ir, e descobri isso tarde demais. Me senti definhando. Perecendo. Vítima de uma falha imensurável: sair do Paraiso. Ou eu era muito tolo, ou aquela misteriosa necessidade presente no meu subconsciente era muito ferrenha, isso eu nunca soube. Pelo menos não até agora. Naquele momento, desfaleci, perdi todas minhas forças. Cai e me tornei apenas um corpo fraco atirado ao chão, sujo e ferido, sem vontade ou opção. O violão caiu de minhas costas e foi atirado ao meu lado, como um velho companheiro de guerra, exausto e ferido. Ali, com a mente confusa e desesperada, me pus a me recostar em uma árvore que avistei por perto e peguei o violão em meu colo. Dedilhei, lancei alguns sons desajeitados aos céus, tentava achar o tom certo. Mais parecia um ferreiro grosseiro afiando uma espada do que um violeiro tocando uma música. Era o retrato perfeito de uma decadência desnecessária, produzida por uma vontade inconsequente e misteriosa. Eu chorei. Algumas lágrimas, primeiro esparsas e indecisas, depois incontroláveis, precipitaram-se contra o violão. Eu chorava enquanto tocava. Em desespero, fui afiando meu tocar, fui achando um tom que se adequasse ao meu estado de espírito, desesperado e carente de ajuda. Meu choro lânguido entrava em compasso com a sonoridade do violão. Um duplo lamento de música e dor. Eu havia fugido do Éden, e estava pagando um preço que poderia ser alto demais. Enquanto dedilhava e pranteava, pude ouvir alguns passos, passos aparentemente decididos. Alguem vinha em direção a mim, e eu nada via, com a cabeça baixa e o olhar focado no violão me afastando da linha de visão de quem quer que fosse. Olhei para cima, e encontrei quem havia chegado até mim. E meus olhos se encontraram com os dele. E eu senti algo que nunca havia sentido até então: medo. Uma incontrolável e apavorante sensação de pavor, mas um pavor interno, em minha alma, um pavor que em momento algum transpareceu em meu rosto ou em meus gestos. E ali, caido ao pé de uma árvore e exausto pela até então curta jornada, eu descobri que o meu verdadeiro caminho está apenas começando. Daquela pessoa que encontrei, não lembro de nada mais do que os apavorantes e indecifráveis olhos. Mas soube que era quem eu estava procurando. E agora aqui estou, filho. Você me escutou até agora. Fixou sua atenção nas minhas palavras e no violão que eu toco, teve paciência e aturou esse velho viajante. E sou muito grato a isso, você pode realmente acreditar nisso. Mas agora, precisamos partir, devemos seguir até o lugar onde um velho e cansado corpo repousa...Você tem uma jornada para fazer, e eu tenho um pagamento a fazer. Pela minha alma. Ao norte de lugar nenhum.




 Texto escrito ao som dessa música:


   "ELEPHANT MOUNTAIN- North of Nowhere"




In a little known town just north of nowhere
Lived an angry young man forced to work for nothing
It was Friday night and he just got paid
Down on his luck and he's out to get laid
Little known town just north of nowhere
Oh, let's go
Just pretty young thing with that look in her eye
Long blonde hair and nothing to hide
She's dressed to kill and looking to score
Settled for less but always wanted more
Pretty young thing with that look in her eye
Oh yeah, they were nothing but trouble, nothing but trouble, nothing but (x2)
They had no idea what the night had in store
God damn!
In a dirty dive bar just full of stories
The whiskey was flowing and the band was jumping
Drinking all night just to numb the pain
Putting cocaine up their nose they were never the same
Dirty dive bar just full of stories
Oh yeah, they were nothing but trouble, nothing but trouble, nothing but (x2)
They had to believe that the night wouldn't last
God damn!
One lost soul, one looking at time
Way after hours at the scene of the crime
Same old story they were all to blame
Something's bound to happen when your playing the game
One lost soul, one looking at time
Oh yeah, they were nothing but trouble, nothing but trouble, nothing but (x2)
In the end it was all the same

quinta-feira, 23 de junho de 2011

"LAST NIGHT"

A little bit of Whiskey
With the bitter taste of tears
Over dreams and broken hearts
We just rest and hide our fears
I only want  the word
Silenced by the pain of the moment
Scream within yourself
Yeah, within yourself in this time
How this can be a long night
Even if the last
Just forget all the anger
What was lost in the past
Love is enough
If you feed the fire inside you



And I can live for the moment
No more regrets for today
The night is our, small child
I just want you to be my way
Be my way
Just for today


So easy to feel numbed and tired
As a dreamer who has lost everything he desired
When love turns into ice
And the pain come in twice
It is in your lap that I take refuge
To keep always the good times
And live, live with me as if forever
Even if it's the last night
And last night does not end
No, not end
All love will be forever
In every moment we live together


And I can live for the moment
No more regrets for today
The night is our, small child
I just want you to be my way
Be my way
Just for today

And I can live for the moment
No more regrets for today
The night is our, small child
I just want you to be my way
Be my way
Just for today

"BLOODY BLACKJACK(Tradução)"


Respirando fundo
Respirando fundo
Suando frio
Suando frio
Blackjack de sangue
Eu disse blackjack de sangue


Ases flamejantes voam
Cortando gargantas e morrendo
Cinco cartas na mão
Todo o medo eu enviei
Para o Inferno
O Demônio riu para mim
E toda a dor eu vejo
Dançando ao redor do meu caminho
Para quem eu devo rezar
Para Deus?
De joelhos eu permaneço, esperando para morrer
Eu glorifico o jogo, eu santifico a vergonha
Deus joga a carta, e eu sou o preço
Que vc precisa pagar
Para apagar todos os seus pecados de sanguye
Todos seus pecados de sangue
Pecados de sangue



Ref: Respirando fundo (2x)
Suando frio (2x)
Blackjack de sangue
Eu disse blackjack
Derrote-me
Por cima
Negue-me
Por baixo
Blackjack
É Blackjack de sangue



Em tempo de má sorte
A morte é sua recompensa
E nesse jogo de sanguye
Não serei eu apenas mais um covarde
Mais nenhum lugar para heróis
É minha jogada final
Vinte na minha mão
Vinte corpos no chão
Toda a diversão eu descobri
Na ironia do destino
Vc só saboreia a vida
Quando cai em agonia



Ref: Respirando fundo (2x)
Suando frio (2x)
Blackjack de sangue
Eu disse blackjack
Derrote-me
Por cima
Negue-me
Por baixo
Blackjack
É Blackjack de sangue
Quero o sangue dos impuros, para ungir seus corpos ainda quentes quando os matar.
Regozijarei largamente quando suas almas nao mais lhes pertencerem, deixando o involucro
terreno, a casca de pele, ossos e podridão que lhes cabe, e partindo de encontro ao
tormento do inferno.
Quero o sangue dos fracos e covardes, os que escapam da sina de impedir que tudo a sua
volta se deteriore. Abrirei seus corpos, rasgarei sua pele e quebrarei seus ossos, para
colher seu sangue fresco e sorver alguns goles. Mas não, não beberei mais que um pouco:
não quero contaminar minha casca mundana e meu espirito imortal, necessarios para a con-
clusão de minha sina, com o negro e vil liquido vital dos pecadores. Precisarei de apenas
uns poucos momentos de dor e masoquismo para purificar-me, para pagar pelos pecados come-
tidos em pensamentos e atos. O sucesso requer sacrifício.
Mas, acima de tudo, quero o sangue dos justos, o sangue dos puros de espirito. Preciso
de tal bem precioso para poder batizar uma nova era, uma era de justiça forjada por aço e
ferro frios de uma espada. Sou um guerreiro santo, um guerreiro santo é tudo que sou. Tenho
uma missão. Tenho uma maldição. E tenho uma vingança a cumprir.
E, nessa noite, a vingança terá seu nome.Um nome na lapide de cada infiel morto por minhas
mãos, em busca de justiça.



E ela se chamará Maximilian Arador.











Extraido de "Mortuarium", diario de Maximilian Arador, o caçador

"ONE MILLION GHOSTS"

Just watch flying over the battlefield
Can´t win fighting against your brother
Man, children, everyone that you killed
One million ghosts in your mind

Another war without reason or payment
Another march over bones and stones
They live in your hatred conscience
One million ghosts in your mind


REFRAO

All of them live inside
Of your undyind mind
Disease of your fucking guilty
One million screams of pain
Trying to sleep in vain
You finally understand
One million ghosts in your mind

REFRAO(1 x)


Sick laughs make you wake on the midnight
All the victim of your greed are screaming
Your lie become a cold contagious
Mad man wanting fun in the pain
Mad man, another freak in the chain
You try to forget all of your crime
Sickness!!
Hopelesness!!
Sadness!!


All of them live inside
Of your undying mind
Disease of your fucking guilty
One million screams of pain
Trying to sleep in vain
You finally understand

REFRÃO(1x)
Meu corpo sente o tempo devorando as horas, engolindo os minutos, dissolvendo cada segundo. Meu corpo abala-se ferozmente por cada dia que se esvai entre as areias do tempo. Até mesmo nisso sou diferente: para os outros de minha "linhagem", o tempo é uma fonte inesgotável de conhecimento, experiência e poder. Para mim, nada mais é do que o ingrato reflexo de minha própria decadência. Ah, a triste e deliciosa ironia da vida. E da morte.
              Uma parte de benção, duas de maldição. Sim, é verdade que carrego sobre meus ombros uma dádiva, o santo peso da missão de purgar todo o mal. Nada poderia alegrar mais esse humilde cruzado do que ser tocado por Ele. Posso ouvir as trombetas tocarem por mim, posso ouvir os brados arrependidos dos cruéis, depravados e pecadores às portas do Inferno. Eu ouço o Chamado cada vez que um corpo tomba, cada vez que sangue inocente pinta cruelmente o solo, cada vez que um irmão ou irmã cai em agonia. E é o Chamado que mantem trilhando fielmente o caminho.
              Entretanto, existe o inconveniente preço a se pagar pelo sacro poder: nada mais é como na época em que eu era um mero Impuro. Os sabores, as sensações, os sentimentos, tudo diferente. Não posso mais sentir meu coração bater freneticamente durante cada combate contra um inimigo, como na época na qual eu ainda vivenciava minha frívola humanidade. Agora, ele se comporta mais como uma massa esponjosa e pútrida, retorcida e virulenta, pulsando languidamente e debatendo-se em agonia. Já não experimento mais as coisas como um Impuro. O meu corpo sente apenas o frio, mortal e penetrante. Meus olhos vêem apenas morte e decadência amplificadas voluptuosamente. Meus ouvidos são apurados, dotados de capacidade quase animalesca, como os de uma fera mortalmente selvagem e incontrolável. Meu faro é preciso, localiza o meu inimigo com muito mais facilidade. São dons preciosos, concedidos gentilmente por Ele para a realização de minha santa missão. Mas não posso "ligá-los" e "desligá-los", como um interruptor, ou "apagá-los", como a chama de uma vela. Não há mais sono para mim, apenas o breve e frugaz repouso entre uma e outra batalha.
               E minha sina não termina aí. Ah, a cruel ironia divina. Para Ele, não basta que eu termine minha missão, mas que a termine rapidamente, o mais rapidamente possível. Ele tem pressa, seus planos misteriosos têm carater emergencial, então ele me "imbuiu" de uma segunda parte de maldição: ao contrário dos outros, que são alheios à passagem do tempo e à decadência imposta por ele, eu estou morrendo. Teoricamente, morrendo de novo, segundo o que ouço dizerem por aí. Morrendo de verdade, perecendo, sofrendo o desgaste provocado pelo passar do tempo. Eu não tenho muito tempo, e tenho tanto a fazer... Eu sou um servo fiel D'ele, sigo ferrenhamente seus desígnios, com honra, devoção e batizado pelo sangue e pelas lágrimas da batalha.


E ele parece rir de mim.






Extraido de "Mortuarium", diario de Maximilian Arador, o caçador